domingo, 29 de junho de 2014

Memória Ancestral

"Ave musa incandescente, do deserto do meu sertão"
(Ariano Suassuna)

As fogueiras pintadas na cidade, em pleno planalto central do país
numa noite sem luar, numa noite estrelada,
numa noite estralada pelo frio.
É dia de são Pedro,
é dia de queimar fogueira, de estourar pipoca,
de temperar canjica e de beber quentão.
As 'gentes' ao redor do fogo,
reproduzindo os costumes de um povo,
vindos do sertão.
A cachaça batizada, ofertada à vida e ao santo
rasga a garganta, aquece o corpo,
anima a festa e gira o mundo!
As bandeirolas exuberantes xaxando
seguindo o conduzir do vento,
a prosa boa, o riso fácil:
são levezas tecidas à sombra do fogo.
O coco, o xote, o forró, o baião,
os casais bailando:
-São Pedro, salve! Quanta animação!-
Mas lá pelas tantas, bate um saudosismo,
a madrugada vem trazendo, em cortejo,
a saudade de um tempo que não se viveu,
no entanto as raízes evidenciam nossa memória ancestral:
Viva Franciscos, viva Antônios, viva Eduardos,
que nos ensinaram, pelos laços sanguíneos
como é gostoso reconhecer-se
como povo festeiro, guerreiro,
povo alegre, do SERTÃO...

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Levezas inigualáveis


Há leveza nos dias... Isto é fato!
Mas há de fato, certos dias de levezas inigualáveis,
donde levemente, lavo mente, dia e corpo,
com doçuras amáveis,
pois são estes dias,
docemente, levemente:
dias irreparáveis!!!

domingo, 6 de abril de 2014

Beard

Uma barba afiada a me ouriçar,
desnudando meus mudos mundos desnudos:
enlouqueço,
estremeço,
adormeço...


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Eu sou a estrada


Eu ando por lugares desertos buscando a solidão despovoada,
eu pinto paisagens na memória, com resoluções de aquarela
de alto teor abstrato.
Eu sigo por caminhos sombrios, protegidos por rios e almas,
porque é a natureza quem me fende, me defende,
quem me define, quem me prende.
Sigo o rumo, perco o prumo,
a estrada está em mim,
permanece em mim:
eu sou a estrada.
Sigo, caminhante de mim mesma...
Vou, perscrutando minhas próprias fendas...
R(E)xisto eu em mim.

  

domingo, 2 de fevereiro de 2014

GLOBALIZAÇÃO


A lixeira cheia de uns, 
é o prato vazio de outros...
A nobreza comprada
interfere na dignidade perdida...
Divisões de classes, de cores, de cortes, Horrores...
Assim segue nossa evolução:
a cada mil árvores podadas,
alguns graus à mais no termômetro,
alguns infartes nos dados,
algumas gramas à menos na consciência.
Resta então mais consumismo e menos sapiência???



Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...