domingo, 18 de dezembro de 2016

Minha criança



Uma selva de cabelos brancos
cultivados ao longo de mais de 70 anos:
foram 'sins', nãos, erros, acertos,
mas foram sobretudo,os frutos de uma vida.
As escolhas, as lágrimas, os risos e
também os feitos de uma guerreira: minha matriarca.

Mesmo quando tuas forças já começam a minguar,
mesmo nas fraquezas tu sabes ser forte,
ou melhor és forte, e essa tua força,
tua constante intercessão, tua firmeza e também o teu gemer,
teu clamar, o teu calor, tudo isso me fazem ser eterna observadora,
aprendiz da tua sapiência, de tua fé.

Mesmo que as letras te faltem,
que os olhos marejados e já cansados do tempo,
mesmo assim franzina,
de porte fino e físico desgastados,
de cabelos prateados e rugas na face,
vejo nisso tudo os caminhos da experiência,
os caminhos que me encaminharam...

Gratidão, respeito e amor
Sei que isso são apenas obrigações,
Formas simples de agradecer e reconhecer
A fortaleza que tu sempre foi, e será, sempre...

Desde tua seiva até a tua coragem,
Me ensinaste o caminho do bem:
Mãe,
que na tua velhice possa eu
Dar- te todo o cuidado
Que me foi dado quando
pequenina e infante tu me deste.

Que seja agora, tu
a criança que eu devo ninar
com o mesmo intenso amor
que outrora tu me regou.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

à espera

"Sou cria da poesia que vem das ondas do mar,
se o meu canto é de Oxóssi, por isso é que sou forte..."

Ela habita ainda em mim,
sinto-a longínqua, morna,, indecisa,
talvez. adormecida...

Mas sei que ainda não nos rompemos,
nos distanciamos pelo cotidiano
e por ele mesmo havemos de nos encontrar...

Toma-me bruscamente, novamente,
como outrora me arrebatavas, e por ora:
faz-me porta voz de tua doce eloquência,
de tua desvairada canção,
de tua nobre rima,
tu, poesia,
me abandone, jamais,
não!

sexta-feira, 27 de maio de 2016

PROFECIA

À cada dia, nosso corpo é violado,
a cada instante, somos molestadas,
Essa tortura, será, nunca se acaba?

Mãos, bocas, dentes, caralhos, e o diabo à quatro esfregam,
comem, devoram, e sem autorização, se apossam de nós,
tal como terreno baldio, que sem dono, fazem o que querem:
A TV, a internet, a propaganda, o presidente,
o padre, o professor e  o pastor, e o patrão também...
Até quando???

Nosso grito assombra a história,
todo tipo de violência: ideal, corporal, moral, escambau,
estampam nossaa cara e cicatrizam nossa alma.
Desde sempre foi assim... (Muitos dirão),
Certo?
ERRADO!!!

Mas eis que de uma a uma nos erguemos,
reivindicando o ato de SER.
Nossa luta é constante, duradoura, cosida fio a fio, diariamente...
Helenas, Marias, Zilmas e Ninhas, companheiras minhas!
Nossas mãos se levantam e nosso canto,
se ascende ainda mais!

Que cada violência cometida se reverta em força e indignação.
Que a intolerância e a ignorância sejam gatilhos que nos unifiquem cada vez mais!
Que cada ultraje cometido contra nosso corpo  seja revertido em atitude e ativismo,
desde o Planalto, aos confins da Terra!
Que a dor de uma, seja a dor de todas!
E que todas, todas sejamos UMA, Unas!





quinta-feira, 21 de abril de 2016

FLORES PRA 'DI'


Ela não é do lar,
Recatada? Acho que não!
Bela? Fora dos padrões...
Mulher, já entrou pra história, já fez história;
Terrorista, desse jeito sim,
Afinal,, impregna medo nos patrões.
Tua força, tua cara, minha cara, tantas caras...
e segues seguindo
resistindo às perseguições.
Teu partido não tem mais estrela,
teu partido somos todas nós.
Tua bandeira, a vermelha,
representa nosso ciclo, nossa voz.
Por isso brasileiras, em meio a hostilização
colhemos flores e as lançamos
sobre o mármore da capital.
pra revelar um segredo:
unidas, sempre somos mais.

Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...