sábado, 5 de fevereiro de 2022

Condão


Quando escrevo, não imponho limites:

Me derramo, me desvelo,

A poesia então num ato de cerzir

Emenda minha existência com a dela.

Siamesas, gêmeas,

Filhas da mesma cepa,

 de tantos pais e mães.

 

Quando escrevo, não me envergonho:

Das minhas vulnerabilidades

A poesia pulsa, lateja,

E como sangria corrente

Devasta-me do cerne à cerviz.

Recomposta das feridas, cicatrizadas

Sou matéria, obra-prima, raiz.


Indecisa,

Não sei ao certo se crio ou sou mera cria dela.

Caminhante erma, de estradas e cirros,

Faço da poesia o meu condão:

É aqui que me dispo,

Sendo o que sou

Me revelo,

Me faço verso e revolução.

Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...