domingo, 15 de agosto de 2010

Sophia, amante minha

Quando enxerguei-a nua,
ali, tão perto da minha humanidade feminina,
tão próxima da minha insignificancia,
renegando aminha ignorância,
eu a deixei me possuir.
Mas ora, como ser dela, se ela não permite ser minha?
Se ela, mesmo nua, perante mim,
não deixa que eu, sua amante,
a toque, a tenha, a possua por inteiro,
sinto logo a essência de sua frigidez.
Mas não tenho como a extinguir,
não posso tirá-la de minha vida,
sendo ela, tão essencial quanto minha própria respiração.
Comigo, tal ninfa não se porta formalmente,
mas devorá-me,
quer-me inteira!
Sou dela, e ela não é minha!
Sofro pesadas penas por nossa relação,
tenho mais algozes do que amigos,
e eles a desconhecem,
e insistem em insultá-la...
Nas aventuras, desventuras,
vou aclamando-a, amando-a
e vendo o quanto é hedônico
amá-la!!!
Sophia,
acho que sou ternamente apaixonada por ti!

domingo, 8 de agosto de 2010

Nua

Resolvi me portar nua
lançadas as algemas do pudor
minha pele como nunca é capaz de sentir
o trafegar da brisa por entre os poros,
de empiricamente comprovar que o sol
quando aquece, também pode queimar.
Resolvi me apresentar sem máscaras,
sem tecidos, mas cheia de medos,
de fragilidades, de lágrimas que outrora petrificadas
hoje escorrem à luz do dia.
Não quero a liberdade, não quero voar,
nem mesmo sumir,
quero somente na simplicidade complexa do meu ato de existir
ser o que sou, corpo e alma,
mulher, amada e amante...
Não almejo nada senão o agora...
Ser hedonista, o que importa é mesmo viver.
A que lado estou encaminhando minha existência?
Até onde já fui capaz de compreender minha essência?
Minha nudez fala por mim!
O frio que sinto, o calor que gozo,
a brisa que passeia em mim,
eles não são tão importantes,
mas sei de fato que o que realmente importa
é a leitura que faço de tudo o que me cerca.
Ressignificar... ler... recriar:
transgredir!
Mais que nudez,
meu corpo descoberto revela
a chama da vela que clareia o meu ser:
ser Ser, sendo... só!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Fruto pro(l)ibido

Do rubro fruto colhido carnalmente
o sumo puro do feitiço da história,
de latente sabor, impregnado na memória...
eis assim, a construção da mullher.
Repudiada e sempre lembrada
pelo poder de seu agir,
subjulgada, submissa,
teve em seu corpo estampado
a medalha do pecado.
Mas antes de mero corpo,
grande alma também é feita,
intelecto, corpo,
pecado e santidade...
Mas deste mesmo fruto, pode-se emanar
a libido, a luxúria,
e a tantos faz gozar,
como também a inteligência
de seu leve e presente Ser e Estar.
Mulher,
fruto da árvore do conhecimento
contrário ao Gênese,
tu, a tantos pode ensinar, amar, gozar...

Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...