domingo, 18 de dezembro de 2016

Minha criança



Uma selva de cabelos brancos
cultivados ao longo de mais de 70 anos:
foram 'sins', nãos, erros, acertos,
mas foram sobretudo,os frutos de uma vida.
As escolhas, as lágrimas, os risos e
também os feitos de uma guerreira: minha matriarca.

Mesmo quando tuas forças já começam a minguar,
mesmo nas fraquezas tu sabes ser forte,
ou melhor és forte, e essa tua força,
tua constante intercessão, tua firmeza e também o teu gemer,
teu clamar, o teu calor, tudo isso me fazem ser eterna observadora,
aprendiz da tua sapiência, de tua fé.

Mesmo que as letras te faltem,
que os olhos marejados e já cansados do tempo,
mesmo assim franzina,
de porte fino e físico desgastados,
de cabelos prateados e rugas na face,
vejo nisso tudo os caminhos da experiência,
os caminhos que me encaminharam...

Gratidão, respeito e amor
Sei que isso são apenas obrigações,
Formas simples de agradecer e reconhecer
A fortaleza que tu sempre foi, e será, sempre...

Desde tua seiva até a tua coragem,
Me ensinaste o caminho do bem:
Mãe,
que na tua velhice possa eu
Dar- te todo o cuidado
Que me foi dado quando
pequenina e infante tu me deste.

Que seja agora, tu
a criança que eu devo ninar
com o mesmo intenso amor
que outrora tu me regou.

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Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...