terça-feira, 26 de outubro de 2010

Meu ar



Porque é deste ato que eu sobrevivo,

porque são dessas asas que saem meu voo,

por causa delas, poesias minhas,

que sobrevivo nesse mundo imbecil.


Cada verso sou eu.

Cada verso contém sangue, lágrima,

dor, riso!

São as minhas brincadeiras mais sérias...

e talvez, as únicas que realmente dizem sobre mim.


Se sou ou não feita de palavras,

isto eu não sei.

Se escrevo divinamente ou ignorantemente,

também não sei.

Sei que a poesia existe,

existe em mim e pra mim!

Sem elas, sinto-me borboleta com asas...

asas sempre vazias!

sábado, 23 de outubro de 2010

Anti-plágio


A CÓPIA JAMAIS SE IGUALA AO ORIGINAL!

A cÓpIa JaMaIs Se IgUaLa Ao OrIgInAl!

a CóPiA jAmAiS sE iGuAlA aO oRiGiNaL!

a cópia jamais se iguala ao original!

A CÓPIA É MERA CÓPIA

CÓPIA

cÓpIa

copia

.....


.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Meus demônios



"Há pensamentos que são orações.

Há momentos nos quais seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos"

(Victor Hugo)


Em tardes de tempestade, onde os ventos despenteiam as ávores, e brutalmente, atiçam o movimentar pueril, fazendo do céu nublado o protagonista que chora, que de prantos longos e intensos molha a terra, as casas, as mentes, os eus. Aqui na caneca, meu chá quente de gengibre e limão buscam encontrar minha dolorida e rubra garganta... um gole, doi! No segundo... mais dor! E o terceiro, não tão diferente dos outros, é como se sangrasse o canal por onde perpassa minha voz. Mas que voz? Nesta tarde não tenho nada à dizer, senão o silêncio portador do auto-conhecimento. O silêncio que reconhece as feridas, que dialoga com os demônios, que reflete sobre a insanidade dos meus atos. A chuva cai... e as lágrimas desse sujeito que aqui vos fala, não caem nunca! Nem em dias nublados, nem ao sol... no escuro talvez, mas hoje, hoje não!

Um chá quente, um livro de Goethe, uma rede e um edredom: esqueci-me da dor, e lembrei-me das dores. As dores que os demônios sussurram, que os eus escondem, que o mundo exterior tenta perscrutar mas não alcança. É nesse duelo, dor e dores, chá e frio, chuva e sol, que faço arder minha alma, que provoco meu corpo, que deixo de ser mulher, para me tornar universal: ser humano, assim o sou nesta tarde chuvosa...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eu

Aqui estou mais próxima da minha loucura,
aqui encontro-me com minha vaga lucidez,
aqui escondo minha face,
aqui revelo quem sou:
não há portas, maçanetas, chaves,paredes...
Não há homens, nem mulheres,
algozes e benfeitores,
nem tão pouco astros e entidades simplórias.
Aqui, nesta carne que se move,
neste corpo que salienta-se,
há um EU humano,
sem gênero, sem sexo, sem classe, sem ofício:
Eu corpo, Eu espírito,
Eu deus, EU deusa,
Eu tudo - Eu nada

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tua


"Não me cante canções do dia,
pois o sol é inimigo dos amantes.
Cante as sombras e a escuridão,
cante as lembranças da meia-noite..."
(Safo de Lesbos)
E o mistério perpassa o corpo e o universo de uma mulher:
sem luz, apenas chamas,
chama-me tua
mesmo sem eu o ser.

sábado, 2 de outubro de 2010

Chuva que lava, que leva... que rega!

Depois de longa sequidão,
nesta manhã, o céu abriu seus portais!
Fertilizou o solo, com gotas que caíam lentamente...
intensamente!
Cada planta, cada folha verde
cada ser vivo se abriu ao úmido espetáculo...
eu me abri!
Ali, prostrada na terra molhada,
recebendo a dádiva fertilizante, deixando escorrer por entre minha face molhada
a mesma água que fecunda a Mãe,
que rega as plantas,
que lava, que leva...
Diante a chuva,
diante o céu nublado carregado de pesada nuvens,
eu me prostrei,
me deixei lavar,
levar...
e a chuva continuou a cair, me regou, fertilizou a mim e à Mãe Terra.
E fomos uma mais uma vez...
Benditas sejam as gotas dessa chuva que cai,
que nos rega, que nos molha,
que nos lava, que nos leva.

Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...