segunda-feira, 14 de março de 2011

Nudez noturna

"Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite"
(Manuel Bandeira)

Amemo-nos na escuridão iluminada por astros e particularidades
enquanto andarilhos vagueiam pelas ruas
desbotadas de piche e fumaça,
nossa noite, nosso mundo
ambos se desnudam
a revelar mundos
contidos numa
noite
nua

segunda-feira, 7 de março de 2011

VELHA

A consciência, talvez já velha,
sente o peso da sobrevivência:
por entre seus dedos enrugados,
por sobre sua face violentada,
acima de sua cabeça um pano largado
afim de suavizar os raios ardentes e latejantes
que ousam-na ferir.
A consciência diante o que os olhos veem;
A consciência diante o que esses mesmos olhos querem ver...
Seria tudo dado ou construído?
Quem é o arquiteto dessa construção?
Quem é o manipulador desse dado?
Nada ao certo sabemos, e nossa ignorância
fingimos desconhecer.

domingo, 6 de março de 2011

blOco mEu

Blocos nas ruas, corpos juntos,
amontoando-se, acalorando-se...
Burburinhos, exaltações
solidões escondidas nos frevos,
nos sambas carências,
nos passes, segredos.
Eu aqui...
navegando num bloco solitário,
reconhecidamente só.
Numa manhã qualquer
lá fora o carnaval se realiza,
aqui, ao som de sofreguidão,
o orvalho me banha
tentando eu dizer ao silêncio
quem sou.
Sou bloco solitário,
reconhecidamente só...
Bloco do eu sozinho, como já disseram por aí!

Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...