quinta-feira, 29 de abril de 2010

Dança das quatro moças, balanço de quatro saias
são quatro formas, quatro elementos,
quatro bruxas,
festejando vida a dentro.
Belas, fortes, sensuais abrem portais,
fecham portões,
encantam tudo à sua volta,
bailando ao som da canções.
Tambores e cores,
crenças e dores,
risos e festas
quatro moças inclusas em todas elas...
Sem nomes, cem mistérios
abraçam e beijam,
seduzem e cantam o eterno escorrer do tempo
pertencentes à natureza, sobre nós suas esências lançam.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

escrita automática... segundo eu mesma!


Correr, correr, correr
correr e correr o risco de nunca chegar.
Chorar, chorar,
chover lágrimas dos olhos que chacoalham chucalhos.
Ser eu, ser outrem, ser quê?
Ser ser,
ser sei lá o quê, ser ser humano...
ser!
Burlar, brincar, burronear
beber, blefar, bestiar!
Palavras feitas de nós, eu feita de palavras,
talvez até as mesma que te compõem,
mas não escrevem as mesmas pessoas...
Eu?
Palavras?
Larvas que parlam em minha'alma!!!

domingo, 25 de abril de 2010

Sou equilibrista: na vida caio e levanto, salto, rodopio, rio e choro.
Na lona pintada da vida, rebolo mas não me entrego à gravidade da atmosfera.
Meu trabalho é desafiar, é contradizer e acima de tudo, superar as expectativas daqueles que anseiam por me ver ao chão.
Mas, antes da queda, há o show.
Antes das vaias, há a preparação...
Antes de tudo e de todos, há o EU.
E é exatamente ele quem determina a história,
os valores, as quedas e os aplausos...
EU
é vivo,
é forte,
é humano...
mas é EU.
Eu pintado de todas as cores!!!
É chegada a hora em que o peso mantido nas costas, acaba por fraquejar as pernas, por desmerecer os braços, por desgovernar a mente...
É chegada a hora, em que a tempestadde cai, em que os ventos sopram fortemente, e os raios, além de iluminarem a negra noite, dissipam a possibilidade de calmaria...
É chegada uma hora, em que os herois não existem, em que as esperanças morrem.
Tempo de guerra existencial, de conflitos, de... de muitas e tantas coisas todas elas ao mesmo tempo.
Simultaneidade, movimento, tempestade, mas o sol ainda impera... mesmo que seja ainda por dentro de um ser, de um EU cansado, conflitoso e compositor.
Às avessas, dobro-me e desdobro-me, angustiada e enfadada pela mediocridade dos seres ambulantes, dos convencionais, dos inquisidores que anseiam ver meu corpo em chamas numa fogueira em praça pública... mas eu sou o Sol e o trago comigo!
Somos forte, grandes, abrasadores! Mesmo em dias de tempestades nossa luz irradia as nuvens carregadas de tédio e convencionalidade... somos luz, vigorosa e prepotente , LUZ!

sábado, 24 de abril de 2010

ROMPA O LACRE...



ATENÇÃO,

ROMPA O LACRE!

NÃO CONTE ATÉ TRÊS,

CONTE TRÊS DOIS UM...

E ROMPA O LACRE DUMA VEZ.

ATENÇÃO,

ROMPA O LACRE!

NÃO PUXE, NÃO CORTE, NÃO RASGUE:

ROMPA O LACRE...

QUAL?

O QUE TE PRENDE...

sábado, 17 de abril de 2010

Andança


Saí andando pelos asfaltos de Taguá, levantando poeira, enchendo meus pés de pó, partindo da UCB, indo pra não sei onde. Carros, máquinas, fios, postes... edifícios enormes tampam o céu e até mesmo as nuvens pedem para serem vistas. Os centros comerciais daqui vendem a mesma porcaria em qualquer outro lugar do planeta, as regras intimidam, podam, padronizam... E eu onde estou?

Estou na estrada, mochila nas costas, cansaço nas pernas, sonhos e filosofia na mente!

Chutar pedras, pescar palavras, conversar com estranhos, tão estranhos quanto eu para os outros... Ser assim, ir assim, caminhar por aí...

Estradas da Grande Nave, aguardem-me... estou de saída pra não sei onde.

Apenas vou, vou buscar o que nunca tive, procurar o que não se encontra, dar o que eu não tenho, mas mesmo assim vou!!!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sonho bobo


Hoje só queria mesmo pronunciar ao menos algumas palavras, que esvoaçadas ao vento, fugiram de mim para contemplar a realidade exterior...

Hoje, somente hoje, queria ao menos roubar um pedaço das nuvens e sentir se são realmente feitas de algodão doce...

Hoje, queria só olhar pro ontem e não mais me arrepender de não ter arriscado, de não ter dito, de não ter ido...

Hoje, quero eu não lamentar as escolhas tomadas, os caminhos traçados, as linhas apagadas...

Hoje como em qualquer outro dia, simplesmente quero me prender às asas de uma louca e bela borboleta, e sair por aí trilhando sonhos, brincando de ser poetisa, de ser gente grande...

Hoje e em todos os outro dias vivo brincando de viver... viver intensamente!

Alguém aí quer me acompanhar?

domingo, 11 de abril de 2010

Conflito


Enquanto deixamos nossos prazeres passarem, a morte aproxima-se mais de nós.
Enquanto o sistema nos engole, a vida perde sua autonomia, tornando-nos mais infelizes.
Por que então lutar no mesmo intuito, correr a vida inteira por coisas banais?
Por que então, cessar os sonhos e comodamente contentar-nos com o real?
Acatar em vão o drama, e do sorriso não restar nem mesmo os dentes?

O espelho nos encara e seu reflexo não nos reflete!
Mas ainda teimo em me encontrar,
em me perder nos meus instintos,
em gozar dos meus prazeres...
Pouco importa se me rotulam de hedonista, de empírica, de quimérica...
O que mais me importa então, é esse não viver somente presa à realidade...
mas inventar, recriar e estar em tantos mundos, mudos:
me reconhecer em todos eles!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Arrepio

Ah, tocar meus cabelos e penteá-los dessa maneira, nessa sensibilidade, nesse ritmo gostoso assim, sabes muito bem que me derreto. Quando passeias por meu corpo, a soprar, a acariciar minha pele tingida de melanina, ativando meus poros, fazendo-me arrepiar... É tão gostoso tê-lo presente, tê-lo empiricamente, tê-lo em mim!
Ah, quão forma carinhosa tuas mãos dançam em meu corpo, reavivando minhas fantasias mais intensas, relembrando meus orgasmos, meus prazeres incansáveis... quando me tocas, me beijas, assim me possui! Como me deixa tonta, enlouquente, acesa, e me faz arrepiar.
Sentí-lo é também dar-me conta de que estou viva, de que respiro, vivo, toco, sou.
Ah, pena que vens e não permanece, que em instantes me derreto e mesmo assim, querendo que fiques, vás embora tão rapidamente.
Ah, que desprazer, que frustração, que desgosto... Vê-lo indo embora, vê-lo e não tê-lo.
Ah, mas logo voltas e as sensações trazidas dominam-me.
Ah, gozo e estrelas, raios e doçuras fluem do seu tocar-me... do seu beijar-me.
Arrepio, volúpia, desejo: tudo e mais um pouco despertas em mim.

Oh, brisa leve, não vás, não parta, mas faça que em prazer desfaça eu em ti!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Corpóreo agir

Brinquemos de ser amantes...
brinquemos entre sorrisos, beijos e abraços!
Sejamos dançarinos leves e loucos, a fazer de nossos corpos
o palco, o taco perfeito para se dançar.
Sem platéia, com prazer
pular, girar, levitar...
e sem nenhum impedimento nos amar.
Depois, as cortinas se fecham,
a música cessa, a luz, perene, finda de uma vez
assim, nosso espetáculo, nosso acalanto
a outro espetáculo dá vez.
Ora protagonistas, oras solistas,
vez em quando dança a três...
o ritmo corre, o tempo escorre,
e nós, amantes de nós mesmos,
nunca teremos um fim,
mas sim, eterno recomeço!
Sabe aqueles dias que você pára toda a correria da rotina, respira e começa a refletir sobre o seu comportamento mecânico dos últimos dez anos da sua vida? Sabe quando você percebe que há algo de errado com o estilo de vida dos contemporâneos? Que as crianças antes de entrarem para a escola trilham sonhos próprios, e depois que nela entram, são abortados metade dos sonhos delas e os que ficam, são os que o sistema padroniza como sonhos...?
Sabe aquelas horas que a gente sente falta de alguma coisa, dentro da gente mesmo, que as pessoas que pegam ônibus com você estão sempre reclamando do sistema coletivo de transporte e da vida também? Sabe quando a gente nota que nossos hábitos se parecem com "Tempos modernos", do Charles Chaplin, só que ao vivo e à cores?
Sabe, nessas horas sinto uma felicidade tamanha... não porque nos tornamos mal amados, frígidos, porque nosssos planos são basicamente comprar um carro e passar num concurso público, mas porque estamos em crise! E não pensem precipitadamente que as crises são ruins... não, elas não são! Através delas conseguimos detectar os problemas, conseguimos enxergar nitidamente o que nos falta, o que foi perdido e o que é preciso recuperar. São com as crises que vemos nossa existência com outros olhos, que somos capazes de sair da monotonia, arregaçar as mangas e partir para uma mudança...
Sim, gosto das crises porque elas me possibilitam mudar, recriar, reinventar, e por que não, renascer... Renascer dos erros, das armadilhas do neoliberalismo, da doutrinação global, da massificação dos seres... Renascer dos preconceitos sobre as minorias, das guerras civis, da trágica corrida armamentista, do inescrupuloso discurso econômico... e assim trilhar uma nova história.
Sabe, hoje pode ser um dia desses, aliás, algo importante a ser lembrado: HOJE é sempre dia de renascer... então, não perca tempo nem mesmo vida esperando para renascer outro dia, faça-o agora! Renasça e faça da sua hístória, uma história diferente!!!!

domingo, 4 de abril de 2010

Alguns quereres


Eu quero você aqui bem perto de mim,
quero seu corpo a me servir
quero teus beijos
teu falo
tu.

Eu quero mais uma vez degustar a tua seiva,
quero tua língua
tuas mãos
tua boca
tu.
Eu quero que me penetres
prazerosamente
na carne
no corpo
na flor.

Mas não, não te quero pra sempre,
quero-te somente agora
pra devorar-te
abusar-te
usar-te
Somente isso e mais nada...

sábado, 3 de abril de 2010

Meretriz

Não queira mais embeber-te em meu seio negro, dele flui apenas veneno.
Não ouse mais tocar-me, não mais deguste a seiva vinda de minhas entranhas...
Meu corpo, minha boca, meus seios, minha flor,
são eles obra prima do pecado maior,
dos embustes do sexo,
das entrelinhas do prazer.

Não, não mais deleite-se em meu gozo,
e de minhas carícias não mais delire...
Não, não sinta meu perfume, não toque em meu rosto,
recuse o enlace oferecido por meus braços.
Aprenda, não se troca prazer em troca de nada...

Minhas curvas são perigosas, meu líquido, é suco de cicuta
minha vida é assassinato,
meu corpo, serviço do diabo...

Aventuras


Querer desvendar os infinitos mistérios
camuflados, que detectei no seu rosto
são exuberantes e obscuros,
mas mesmo assim quero penetrá-los...


Após descoberta tuas verdades
soltá-las aos quatro ventos de minha ingratidão, de minha frieza
que você como ninguém mais
conhece muito bem.

Como o amei, aprendi também a detestá-lo
ao perscrutar a sua imundície interior,
me aventurei, caí, tombei e,
desvendei seus mistérios...

Sobre suas injúrias, fiz promessas
tão verdadeiras quanto sua falsa identidade.
Aventuras, viagens, bagagens, ilusões:
todas elas ficaram como medíocres recordações!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Resgate de mim

Certa noite a brisa trouxe-me uma mensagem.
Sem remetente, sem envelope, sem CEP ou algo mais que possibilitasse saber de onde ela viera. Chegou sorrateiramente, entrou pela janela, passeou por todo meu corpo, penteou meus cabelos, e ao chegar aos meus ouvidos, deliciosamente sussurrou... Embriagada com o momento, acompanhando a vagarosa e leve dança, levitei e junto ao seu pedido sussurrado, voei. Saí do meu quarto passei pela varanda e quando me dei conta, já estava sobre o jardim.
Aos poucos fui saindo do meu habitat, e logo estava eu brincando por entre as estrelas, ouvindo a belíssima Lua declamar seus versos e poemas preferidos. Fui ao seu encontro, e ela timidamente acomodou-me em seus átrios. Sensações... Sensações... Sensações.
Plenamente em estado de gozo, descansei e me pus a contemplar o que estava me acontecendo. Lá de cima, vi as pontas dos arranhas-céus, os grandes centros comerciais, os outdoors hiper iluminados, as campanhas imperativas "COMPRE!", "EXPERIMENTE!", "LEVE!", "ADQUIRA!". Vi também as fumaças escuras, borrando o céu, dando às nuvens formas e feições obscuras, pesadas e sobretudo dando-as poluição. Aos sons dos versos lunares, percebia que lá em baixo nós estávamos matando-nos. Matando a nós, matando ao Planeta!
Nem sequer senti saudade...
Nem mesmo quis voltar...
Sonolenta, lembrei-me da minha infância, dos meus sonhos de moleca, das minhas quimeras, dos meus planos de mudar o mundo. Pude os ver nitidamente, pude inclusive detectar onde permaneci a mesma e onde mudei... As mudanças, nossa, essas me assustaram! Algumas de bom grado, outras, em grande maioria, fizeram-me refletir. Tudo aquilo que eu era, poucos vestígios restaram. E tudo o que abominava outrora, tivera eu me tornado... Interrogações. ???
Assim vi que deixei de sonhar, que deixei de valorizar as fantasias, que me tornei mais uma pessoa frustrada, ao qual há muito tempo abortei o meu "ser criança". Decepcionada, derramei torrentes de lágrimas, e quis fortemente voltar ao tempo passado na tentativa de reconstruir minhas escolhas. Inútil querer! Não poderia definitivamente voltar ao passado.Enxuguei as pesarosas lágrimas e pedi apenas para voltar, não ao passado, mas ao meu canto, ao meu simples quarto.
Vagarosamente voltei...
Voltei ao meu quarto e com os pés no chão optei por dar uma inversão à minha vida. Mergulhei a fundo em meu âmago, e de lá colhi os sonhos e os quereres quase esquecidos, os valores desbotados e tudo o mais que a contemporaneidade me fez abortar. Juntei tudo isso, enchi minha mochila e compactuei comigo mesma que a partir daquele instante, faria valer a pena a diversidade, o movimento e a brevidade da vida. Encarando meu reflexo no espelho, pude reconhecer-me novamente.
Vivenciei a experiência pura e completa de ser aquilo que sempre fui: uma criança, uma existente VIVA de verdade!!!

Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...