sexta-feira, 29 de julho de 2011

Saudosismo

E hoje, meio que repentinamente,
como algo que salta do peito de um mortal,
fui arrebatada por uma saudade,
uma saudade desfocada,
com cheiro de livro antigo
e cara de plantas secas,
com um quê de vida morta...
Ai, saudade,
aqui dentro suas traças me devoram,
sua cor me apavora
e o saudosismo de tantas coisas
isso, sim, quero que vá embora!

obs: foto de Zaira Reple

sábado, 16 de julho de 2011

Façam festa!

À minha pequenina Lua
Façam festa, façam festa,
minha princesa chegou!
O sagrado feminino, todo ser mulher
das minhas entranhas uma poesia viva tirou...
Entoem cantos, entoem cantigas,
rejubilando o novo rebento,
dou-lhe graças por eu ser cuidadora dela...
A natureza toda se manifesta,
em danças ancestrais
do meu ventre fecundado
um anjo foi arrancado
para este mundo
novo acorde entoar...


quinta-feira, 7 de julho de 2011

A um amigo...

Certa noite, numa dessas conversas virtuais, pediram-me para compor um poema:
um poema que falasse dos riso saído
do papo agradável
do inglês não dito.

Pediram-me para compor uns versos
que retratasse a graça da vida,
a música preferida,
a infância perdida.

Queriam que eu transfigurasse nos versos
a singeleza da flora,
a beleza da fauna,
a conquista da alma...
o sabor do saber.

Pediram-me, suplicaram-me,
julgando ser eu poetisa
capaz de tamanha proeza...

Mas não, não conquistei ainda a sensibilidade
de reunir num único poema o singificado de um alguém tão cômico...

Cotidiano

Dia de sol, brisa matinal,
logo cedo ingresso em mais um ônibus lotado,
caras feias (inclusive a minha),
pouco espaço, muitos corpos.

Quem era ela?


Durante esta manhã, olhava uma moça,
de cabelos negros e olhos vivos, era-me conhecida ela.
Na inquietude de seu corpo, de seu portar misterioso,
de seu colo magro e instigante, pude ver que emanava desejo e magia,
feminilidade, potencialidade... poesia.
Deixei-me levar por seus traços hostis, por seu desenho feito à grafite,
sem cuidado, tamanha rudez a envolvia, e eu olhava-na...
reconhecia-na de algum lugar, mas de onde?
A manhã foi seguindo, meio ensolarada, meio encoberta,
porém encoberta era a figura que meus olhos não ousavam desencarnar.
Aparentemente forte, a reconheci de meus sonhos utópicos,
de meu baú repleto de quinquilharias,
das recordações de minha infância já desbotada...
Quem era ela? Quê era ela?
Não sei, não sei, mas sei que seu semblante enrustido em mim está.
Talvez ela seja eu, seja o sonho meu sobre mim mesma...
Quem sabe?

Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...