quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Te abraçar: minha missão

"Raiz forte, raiz raiz...
o que nos unirá e nos fará um só povo"
(Mato Seco)
Estavas parada, solicitando minha atenção,
teu sombreiro desafiava o imenso calor,
teu tronco robusto, forte, imperante,
emanava vida, me desafiava...
O sol ardente encaminhou nosso encontro casual,
ver-te, tão linda, tão verde,
tão intensa, cheia de vida,
afim de abrigar a minha vida,
tudo me encaminhou aos teus braços,
e num laço, enlacei-me a ti...
Minha reles humanidade,
tua natureza estonteante,
união desafiadora: eu estando em ti e tu em mim.
Me enlacei, te abracei, e só assim descobri minha missão:
ser cuidadora de quem a tanto cuida de nós.


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A menina da filosofia - Parte I

Que menina é essa, que ousa quebrar as convenções, as normas e padrões sociais,
que apaixonada, transgressora, mantem romances e relações vívidas e necrófilas,
que diante do espelho, se revela e se vela, sendo o reflexo movente, já desaparece!

Quem é esta cuja arrogância sobressai,
modificando a história dos homens, das mulheres,
com pensamentos desiguais...

Nem sequer tem nome, berço ou classe social,
a vida é quem lhe guia,
problemas é o que lhe atrai!

Cabeça própria, corpo são,
faz o que lhe vem à telha,
desobedece quem lhe diz 'não'.

Não importa se é loira, ruiva ou negra,
se estuda, trabalha ou se somente sonha,
sei apenas que sua figura a muitos impressiona!

Pode parecer Pagu, parecer Artemis,
Beauvoir, Arendt, Marina,
Lóu Salomé, e muitas outras mais.

Não se abriga em livros, nem em palavras mortas,
a vida é sua cátedra leal:
constante reticências nunca ponto final!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O berço do kaos

Aqui nesta solidão cultivo apenas um querer...
Agora, neste exato instante alimento um único e mísero desejo...
Ah, esta noite 'setembrina' de intenso calor, de céu límpido,
de lua nova, de pequeninas e diversas estrelas a luzir.
Ah, esta noite em que o luar se faz tão claro, tão evidente
resgatando lembranças de um tempo bom,
trazendo a companhia querida dos amigos,
os sorrisos que foram soltos em tantas noites passadas,
ah, noite que me traz o movimento da dança,
o gole de vinho,
a filosofia em aula,
e o paraíso numa sala...
Havia naquele tempo um pequeno lugar encantado,
cujas paredes abrigavam o kaos,
era simples, o lugar, mas era um bom lugar.
Talvez não volte mais lá, talvez o 'eu' de outrora não exista,
talvez aja bastante 'talvez' ou talvez não aja mais nenhum...
Boas companhias, algumas mal encaradas,
outras cômicas demais,
e outras ainda pacientes demasiadamente.
Reviro meus papeis e neles restauro minhas esperanças,
um verso solto dá lugar a mais outro,
e recordo-me novamente o tal lugar:
talvez cafofo, talvez cafil,
-sim, este era o lugar...

domingo, 18 de setembro de 2011

As lágrimas que derramei...

Há muito que provocastes o meu pranto,
há muito que me fazes chorar,
há tempos minhas lágrimas caem, se esvaem,
e junto delas, minhas poucas esperanças.
O planeta sente as dores,
as crianças não brincam mais,
os homens não amam,
e as mulheres tornaram-se frígidas.
Há tempos que minhas lágrimas caem, se esvaem,
e sem elas, já não mais sei o que fazer.
A juventude, transviou-se,
as canções esvaziaram-se,
e os poetas já não mais existem.
O que faremos?
Que farei eu?
Certifico-me de que todo pranto derramado
mostrou-se inútil,
e ainda assim, águas saem de meus lânguidos olhos.
Hoje vejo, e reconheço,
as lágrimas que derramei não alcançam outro sujeito senão eu.

sábado, 17 de setembro de 2011

Poesia de mim mesma

Flanar pelas ruas ardentes e calorosas, pelos caminhos feitos de asfalto,
com um som que nos interpela sem dó nem piedade,
com a garganta sedenta e a alma mais sedentea ainda,
busco no calor dos trópicos, abaixo do equador,uma poesia feita de fogo,
mais ardente que os 40º advindos dos raios solares.
Busco uma poesia que seja firme,que ao me relacionar com ela,
mê dê conta que antes de poetisa,sou eu a própria rima dos versos...
A estrada a me guiar, os versos ininterruptamente a saltar,
o tilintar dos pássaros acompanhando a melodia cardíaca,
os filósofos me devorando, os poetas falecidos sussurrando
e o mundo sendo todo meu...
Busco o que construo, niilismo maldito, ceticismo inseparável,
crendo somente em meus titubeantes passos...
Busco a poesia deformada, caótica,
abençoada por Demiurgo, e idealizada por Artaud,
talvez seja ela a loucura enrustida em sanidade,
mas a busco por ser ela a fonte vital,
aquela de que preciso,
aquela por quem sobrevivo,
a tão e única poesia de mim mesma.

Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...