segunda-feira, 31 de janeiro de 2011


Enquanto ele me encara, me faço fácil ao som do seu tom:
Suas palavras me interpelam,
rememoram a história do meu país,
denunciam o feminino presente no masculino,
contam-me contos,
fazem-me refletir.

Equanto ele me encara, me faço boba ao tom do seu som:
volto a ser criança,
permito apaixonar-me,
volvo em seu pseudo braço,
sonho como uma garota,
fico feliz.

Enquanto ele me encara, me faço cética
faço e refaço-me... sempre!
Mas nem sempre ao som do seu som!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Eu e ela


Há horas que a Lua me alcança
Há horas que eu alcanço ela
E nessas horas
A solidão me desvela
.

Jogo


IMPRESSÕESIMPRESSASSOBREPRESSÕESEXPRESSASSOBPRESSÕES

Porta Cartesiana

Cães latem, grilos cantam, o mundo enfim dorme!
Não durmo, arregalo olhos e escancaro ouvidos,
cuspo palavras e sentenças ao escuro, em silêncio,
para não serem elas abortadas pelo esquecimento de uma mente sem brilhantes.
A única luz acesa invade os cômodos ausentes de luz, invade sonhos, desperta sonos...
em pesadelos constantes bato à porta de Descartes, construo e destruo o real.
...
Bato a porta
na porta
fecho a porta
me fecho à ela
mas nem sempre a abro.
O que é perceptível?
Afinal, o que é o real?
Um universo construído, regido por um único indivíduo,
solipsismo
que relaciona-se com universos e logo apartado deles
há outros sujeitos também.

Guardiã

Eis os pesos de se guardar a madrugada
de não cerrar os olhos perante as mordaças pueris do tempo
de se permitir velar o sono do mundo, das horas...
Saber que estas, as horas,
voam,
são consumadas até as últimas gotas
gotas d'água,
gotas oníricas,
gotas reais!
E o sol surge há findar minha aquarela...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Presente


Ofertaram-me o fruto da fertilidade
donde de si, fluiam raios perfumados
energias vitalícias
sabor de poesia.
Ofertaram-me a singeleza de uma flor
um rebento que não se rebentou,
e aos meus pés se deixou cair.
Logo a mim,
ser de extraordinária ignorância
de imensa deselegância,
de cantar desafinado
e versos desritmados...
Ofertaram-me algo,
logo a mim,
mente insana,
moça interiorana,
logo a mim!
Mas perante este presente íntimo
lançarei meu canto futuro ínfimo:
agradecida, lisonjeada,
eis em minhas frágeis mãos
a oferta que a natureza me ofertou.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Canção de admiração


Colos alvos despidos
entre faces,
lances,
nuances de um universo multicor
Cabelos esvoaçantes,
lábios rubros
corpos lâguidos,
olhos cerrados,
cânticos entoados.

São arcanjos,
reluzentes,
endiabrantes,
cujas formas enfeitiçam
resvalam poder,
(re)formas,
desfazem tabus:
fogem do norte, preferem o sul.

Não creio nas canções dos poetas, nos depoimentos do boêmios,
nas juras simplórias do macho imponente...
O que vejo, o que sinto, o que desejo
simplesmente perante esses colos alvos nus
são migalhas valiosas,
são cânticos interiores,
transgressores,
recordações cravadas
de quem não é musa
mas revela em seu canto sua admiração e o poderio de se ser mulher.

Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...