
Perguntei a um transeunte:
'que horas são?'
e com naturalidade, sem espanto, sem reflexão algumas, 
respondeu-me:
'são noves horas'
...
'são noves horas'
...
Ouvi os sinos da igreja mais próxima soarem, e
em questão de segundos julguei
ser aquele momento imortal.
Mas que horas são?
Meu relógio não marca as horas,
não há ponteiros e nem tão pouco números nele, 
meu relógio não escraviza esses vestígios de tempo
na realidade, sequer sei se o tempo existe!
Meu relógio bate bem aqui,
interiormente
sem cordas alguma,
ele é extremamente carnal...
Ninguém o conhece,
ninguém pode vê-lo,
talvez seja sempre atrasado,
não corre nunca!
Mas a imortalidade de suas horas
dura somente o agora:
o agora é sempre sua hora!
 
 
Escrito durante uma longa espera na praça do relógio, em Taguá... Num dia em que eu esperava a Luz para juntas, ressucitarmos o "AR"
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