quarta-feira, 7 de julho de 2010

Roubaria tuas vestes...

Roubaria as tuas vestes
para degustar de perto tua nudez,
tua alvura, tua humanidade que
tecidos pesados ousavam esconder.
Roubaria tuas vestes para sentir a quentura anulada
pelos longos tecidos...
Roubaria elas para ver-te melhor,
ver-te profundamente,
carnalmente, humanamente!
Despiria teu corpo, tua máquina, e nela reacenderia
as chamas que o tempo apagou.
Faria-o essencialmente humano, motivo de gozo,
de ardor, de luz...
Faria uma inebriante fogueria com tuas nefastas vestes,
rasgá-la-ias, para que pagassem cruelmente
o crime de terem escondido a brancura de tua pele a tanto tempo.
Diante de ti, dançaria juntamente às brasas,
mostraria-te a leveza de um corpo nu,
extinto de vestes, de pudores,
de rudez...
Faria-o dançar, levitar e corporalmente filosofar!
Resgataria tudo aquilo que outrora
tuas vestes renegara,
reeducaria teu corpo,
pintaria tua alvice com chamas inebriantes,
faria-o levitar!
Volúpias e devaneios o possuiriam
e logo fugiríamos do real, para junto às nuvens
eu, teu corpo tocar...

4 comentários:

  1. "Roubaria tuas vestes..." nasceu do relato de uma amigo sobre suas estripulias de meninice.
    Obrigada por me ceder a ideia de roubar as tuas vestes também... rsrs!

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  2. Amei, nossa.
    E essas vestem podem ser todos os tipos de vestes, não só no que o sentido literal da palavra proporciona.

    Pois hoje muito mais além do que isso, não vestimos apenas, e sim, somos impregnados.
    "Faria-o dançar, levitar e corporalmente filosofar!" Usar o corpo como experiência filosófica seria tudo de bom.

    Muito bem Claudinha ^^

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  3. Perfeita analogia! Essas 'vestes' enblogam desde as vestes físicas até as que podam interiormente... Portemo-nos nus então!
    Nudez moral, ética, religiosa, existencial, e corporal, pq não? rsrs

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  4. Claudinha com suas excelentes idéias..kk's

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Condão

Quando escrevo, não imponho limites: Me derramo, me desvelo, A poesia então num ato de cerzir Emenda minha existência com a dela. ...