
Caminhar numa estrada sem chão, dar passo no vazio e ver que toda a estrada agora se redimiu a nada, os sonhos as besteiras a inconstância e a loucura inspiradora que emana e fere como flechas lançadas n'alma dessa pobre poetisa, encorajando, amedrontando... matando e fazendo sorrir. A estrada feita de matéria que não existe, os sonhos jogados na lata do lixo, o movimento da Terra do EU do tu de tudo... Movimento abençoado e maldito, complexo e científico, subjetivo,persuasivo, movimento parado e corrido! Pontos, vírgulas, sinais, letras que não dizem nada de mais, palhaços imbecis, comedores de criancinhas, padres demônios, pastores corruptores, santos, Santos, SantoS... e minha santidade sendo refutada pelas ideias ralas e escorridas de um mundo inteiro igualzinho.
A crucificação da poetisa, o seu corpo nu, chagado em labaredas na fogueira na praça. Sua-Minha cabeça na degola, pendurada, é trofeu para os ímpios, é cantiga obscura para os pobres de espírito, é a Minha-Sua cabeça degolada, esfrangalhada, agonizando coberta de sangue e poesia... infinita, imortal! Enquanto homens caminham para a calçada, Ela-Eu-Você, lamçam-se à beira da marginal movimentada, correndo cantando pulando sorrindo chorando gerundiando... sujeitos predicados previdenciários pairam num cérebro azul anil, metamorfosiado por conta da chuva ácida que em pouco tempo cairá e corroerá a hipocrisia e a caridade interessada estampada em nossas caras fingidas... quem disse? A moça bonita e pomposa da TV! Te ver, me ver, poetisa é alguém distante próxima e muito parecida comigo que estando longe está aqui... estando aqui sou eu, e não estando... está! Música caótica, arte antropofágica, mãos devoradoras de serpentes, poemas sóbrios embebedados, enxergando de espreita o genocídio assinado pelos intelectualoides de uma academia falida e prestigiada. O silêncio abarca desde a inocência ao maquiavelismo da menina órfã de escolhas... da mulher escondida na história... do homossexual enrustido por pressão... Ela-Eu-Você é a menina mas é o robô. Robô de carne e osso que 'robô' de um pote mágico a capacidade de sobreviver planejada por outros, mas sobrevive morrendo, revogando as leis já ditadas nas tábuas de Moisés, o padeiro ditador da esquina.
Sentido sentimos, mas também inventamos! Sentido é sentir a transpassar a loucura dessa linhas tortas, dessas besteiras escritas e suprimir a obra não em obra, mas em fruto de sofrimento, de quem escreve escrevendo e de quem escreve lendo, de quem lê escrevendo, de quem lê lendo... quem escreve e quem lê são pessoas mesmas... Poetisa e ouvinte, artista e ninguém, são pedras chutadas pela estrada que não tem fim, que não é redonda mas é um círculo. Que pode ser inferno bom sem fogo e sem enxofre, podendo ser céu buraco negro, costurado e perfurado à mão de um deus inexistente, mas criador, fraco, que amedronta e faz cantigas bois e homens dormirem... não a mim, a muitos, menos a mim! Redes fios cordas sistemas... interligação entre o bom e o mal, mas o que são?
São coisas e não são, mas são alguma coisa que não saberei responder. E o fim se aproxima para dar início a novo tempo, aliás, tempo esse sempre novo, pois não sei nem mesmo se o tempo existe e se existir, com certeza não é velho e assim forjo um FIM, tendo em mente um novo começo... fim que termina e começa de novo!
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